Sob Invasão - Capitulo extra

O carro preto parou devagar do outro lado da rua em frente ao Saturday Bar. Fernando escolheu estacionar o veículo na parte mais escura que encontrou e não desceu do carro.  A chuva batia forte no vidro e o desembaçador estava ligado em sua potência máxima, jogando a água de um lado para o outro. O bilhete anônimo dizia que aquele era o local em que Michele estaria na noite de domingo. Se o mensageiro anônimo estivesse certo, ali seria o local em que Fernando descobriria quem é o homem que está transando com sua namorada, quem é o desgraçado que quer acabar com o seu relacionamento. Três anos de dedicação, sonhos e esperanças podem ser jogados fora nesta noite. 

No fundo o homem que esperava dentro do carro queria estar errado, ele não acreditava apesar das pequenas pistas que Michele estava deixando; Ela já o tratava com apatia, seus beijos eram apenas uma ação mecânica e qualquer coisa era motivo para ela desmarcar seus encontros. O pai de Fernando o alertava:

- Está moça tem os olhos pequenos! Cuidado!

Fernando não deu ouvido. Não havia para ele nada mais importante nesse mundo que o amor que ele sentia por ela. 

O relógio quase marcava às 22 horas quando um casal se aproximou da entrada do bar. Michele vinha abraçada com um homem e segurava um guarda-chuva. O chão faltou neste momento para Fernando. Ele aprumou o olhar para ter a certeza que a mulher que ele amava estava o traindo com outro homem. Sua pressão subiu, sua pupila dilatou, seu corpo ficou gelado, o ódio tomou conta do seu coração.

Antes de entrar no bar, o casal fechou o guarda-chuva se entreolhou e deu um beijo caloroso. O homem que traia Fernando era seu chefe, aquele riquinho filho da puta arrogante que sempre tratou os empregados como lixo.

O ódio que tomava conta do homem traído elevou-se a máxima potência, seu coração batia tão rápido que um ataque cardíaco estava prestes a acontecer. Todo tipo de mal pensamento passou pela cabeça de Fernando neste momento, ele não pensava em consequências, mas somente pensava em vingança! 

Ele abriu o guarda-treco do carro e retirou o revólver que premeditadamente havia colocado ali caso o bilhete anônimo estivesse correto. Olhou para a arma e conferiu se as seis munições ainda estavam ali. Saiu do carro decidido a matar o sacana e a vagabunda. 
Ao descer, Fernando observou que um homem caminhava em direção ao Saturday Bar, ele usava a capa de chuva da polícia. Por alguma razão, o destino quis que o casal de traidores vivesse mais alguns minutos. O homem traído permaneceu ali parado na chuva ao lado do veículo, com a arma na mão esperando a hora certa. 

Minutos após do suposto policial entrar no bar, sai do local um homem com um andar misterioso. Sua face parecia estar tomada por alguma doença, filetes de secreção escorriam e bolhas vermelhas brotavam pelo rosto. Alguns passos após o homem sair do Saturday Bar, o local inteiro explode. O impacto do cogumelo de fogo foi tão forte que empurrou Fernando contra o carro fazendo a arma cair longe enquanto o homem misterioso caminhava normalmente mesmo sendo tocado pelas labaredas. 

Após recuperar a consciência, Fernando fugiu do local com o corpo fervendo em queimaduras de segundo grau. Ele chorava lágrimas de ódio por não ter conseguido sua vingança. 

Fernando se homiziou no celeiro da pequena fazenda de seu pai por dois dias alimentando o ódio que sentia e transferindo o sentimento de vingança para o homem que explodiu o bar. Na tarde de terça-feira, ele viu pessoas correndo em direção a Praça de Santa Fé. Pegou o machado que estava pendurado na parede e seguiu a multidão. 

- Lá está ele!

O desgraçado leproso que matou Michele estava em um púlpito sendo adorado em praça pública e falando palavras em um idioma estranho. Quando acabou o discurso, o homem traído, segurando o machado, caminhou em direção à sua vingança quando foi interceptado pelo policial Alisson. Em uma ação rápida de puro reflexo e ódio, Fernando cravou o machado no peito de Alisson, um pouco abaixo do ombro.   

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